Gabriel é um menino esperto. Cresceu ouvindo isso. Andou, leu e escreveu cedo. Vai bem nos esportes. É popular na escola e as provas confirmam, numericamente e por escrito, sua capacidade. “Esse menino é inteligente demais”, repetem orgulhosos os pais, parentes e professores. “Tudo é fácil pra esse malandrinho”. Porém, ao contrário do que poderíamos esperar, essa consciência da própria inteligência não tem ajudado muito o Gabriel nas lições de casa. - “Ah, eu não sou bom para soletrar, vou fazer o próximo exercício”. Rapidamente Gabriel está aprendendo a dividir o mundo em coisas em que ele é bom, e coisas em que ele não é bom. A estratégia (esperta, obviamente) é a base do comportamento humano: buscar prazer e evitar a dor. No caso, evitar e desmerecer as tarefas em que não é um sucesso e colocar toda a energia naquelas que já domina com facilidade. Mas, como infelizmente a lição de casa precisa ser feita por inteiro, inclusive a soletração, de repente a auto-estim