Só danço para acasalamento e, ainda assim, de forma pouco graciosa. Isso ajuda a explicar a escassez de acasalamentos recentes. Só bebo vinho tinto e minha resistência limita-se a duas taças. Tenho dificuldades em me alcoolizar. Uma noitada em claro hoje, para mim, é um sofrimento. A farra estraga o dia seguinte, o corpo se ressente, a mente fica turvada. Amo o carnaval. Contradição? As estradas lotam. Os hotéis inflacionam suas tarifas. Locais paradisíacos ficam mais próximos do inferno com uma multidão de foliões. Uma vez, na mágica Olinda, um guia me disse que as casas alugadas no carnaval eram tomadas por blocos ao amanhecer. Os invasores despertavam foliões que tivessem ousado dormir. Eu pensei: “E alguém paga para isso?”. Amo o carnaval. A televisão mostra desfiles intermináveis. O impacto visual é grandioso. Os corpos são perfeitos, o samba toca com o ritmo das batidas cardíacas e a criatividade é intensa. Porém, para um não especialista como eu, há uma semelhanç...