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Alejandra Pizarnik: una poética del yo al yo


Alejandra Pizarnik (1936-1972) nasceu em Buenos Aires, Argentina, e é considerada uma das principais vozes da poesia argentina, unindo um lado lírico a outro surrealista. A poesia da poeta contempla o instante ainda enquanto abstracção do tempo, enquanto medo fraco de energia, olhos que se ausentam para não ver os pormenores da abdicação, o caminho para uma casa onde não se quer estar. O seu mundo poético é, dentro da substância que o move, um mundo em convulsão, uma convulsão esteticamente a fim da sensibilidade, das sensações que se elevam a outras, de modo a tocarem as dúvidas da existência, quando não o lado científico das coisas.

Debute como pintora
 Em Alejandra Pizarnik há por vezes um cantar do silêncio, da depressão das pequenas consequências do dia-a-dia, do lado externo dos fundamentos da fé. Esta quebra de fé está muito presente na sua poesia, um sofrimento atroz que os poemas eivam de simbolismo, de surreal, havendo, com o auxílio deste último aspecto, uma espécie de ordem da angústia, uma arrumação das emoções, sempre uma última página da razão que impede a catástrofe. Alejandra Pizarnik faleceu em 1972 em consequência de uma profunda depressão.


" Tantas criaturas en mi sed y en mi vaso vacío "



EL SURREALISMO EN ALEJANDRA PIZARNIK

Alejandra Pizarnik admira  autores surrealistas como André Breton, Antonin Artaud ou Julio Cortázar; as pegadas que testemunham esta predileção, podem ser  reconhecidos tanto entre seus versos como entre às páginas de seus diários: " Euforia ao ler o conto de Julio, pensei na possibilidade de uma linguagem que admite o que sinto e sofro. Será que me equivoquei ? O que é necessário para levar-me a essa conclusão ? Menos medo"; " Se aproxima do que desejo escrever, se bem que  gostaria, como Artaud, escrever sobre a dissonância com a maior beleza possível."


 Esta circunstancia obriga a iniciar o estudo de estilo de Alejandra Pizarnik com uma necessária nota acerca de sua possibilidade de adesão ao movimento  surrealista, corrente cujo perfil responde a uma forma de ser, más que um conglomerado de ideias e tentativas formais. Por exemplo, uma reconhecida definição desta tendencia, nota-se que o surrealismo é "automatismo psíquico puro, mediante ao que se propõe expressar, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outro modo, o funcionamento real do pensamento, em ausência de todo controle exercido pela razão, alheio à toda preocupação estética ou moral". Havia que chegar a este ponto ao certeiro esclarecimento que Julio Cortázar brinda em um artigo escrito pelo motivo da morte de Antonin Artaud: ( Tradução livre: Alécio Faria )

* Somente o livro Condessa Sangrenta foi traduzido e comercializado no Brasil ( Ed. Tordesilhas )


A JAULA

Lá fora faz sol.
Não é mais que um sol
mas os homens olham-no
e depois cantam.

Eu não sei do sol.
Sei a melodia do anjo
e o sermão quente
do último vento.
Sei gritar até a aurora
quando a morte pousa nua
em minha sombra.

Choro debaixo do meu nome.
Aceno lenços na noite
e barcos sedentos de realidade
dançam comigo.
Oculto cravos
para escarnecer meus sonhos enfermos.

Lá fora faz sol.
Eu me visto de cinzas.


LA JAULA

Afuera hay sol.
No es más que un sol
pero los hombres lo miran
y después cantan.

Yo no sé del sol.
Yo sé la melodía del ángel
y el sermón caliente
del último viento.
Sé gritar hasta el alba
cuando la muerte se posa desnuda
en mi sombra.

Yo lloro debajo de mi nombre.
Yo agito pañuelos en la noche y barcos sedientos de realidad
bailan conmigo.
Yo oculto clavos
para escarnecer a mis sueños enfermos.

Afuera hay sol.
Yo me visto de cenizas.


Alejandra Pizarnik

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