Dorotheia
sempre foi uma pulga de circo.
Ela se apresentava em um número circense chamado " Dorotheia e as Pulguinhas Acrobatas."
Cidadã do mundo, tinha se apresentando em quase todas as capitais do planeta - Otawa, Washington, Cidade do México, Nassau, Berlin, Paris, Pretória, Maputo e Montevidéu, Numa destas viagem, em seu início de carreira, conheceu o espanhol Don Pepe, seu domador e maior fã.
Dorotheia e as pulguinhas acrobatas se revezavam em números de saltos mortais, acrobacias, lançamento de canhão, trampolim, e o mais impressionante dos números – o arco de fogo.
E cabia à Dorotheia esse número. E obviamente, ela sabia de sua importância para o espetáculo e para o Circo.
Seu domador, Don Pepe, trazia o público para bem pertinho do palco, e com uma lente de aumento, deixava Dorotheia quase do tamanho de um camundongo.
Ah, como era esperta aquela pulguinha, e talentosa ! era tão ovacionada quanto os palhaços Bombom e Paçoca.
Quando
não estava no picadeiro ou na caixinha de música, Dorotheia gostava de ficar no
casaco de Don Pepe, perto da lapela.
Ele não se importava. Pelo contrário, às vezes preferia ter a presença de sua maior estrela quando se sentia solitário.
Mas um dia, Don Pepe começou a se queixar de uma dorzinha que sentia no peito, uma dorzinha bem pequeninha, quase imperceptível. Mas como sempre deixava a saúde em detrimento do espetáculo, acabou desmaiando durante uma apresentação. Levado às pressas para um hospital da região, não resistiu – Dorotheia perdia seu fiel amigo e companheiro.
Um antigo trapezista foi chamado as pressas para substituir Don Pepe no espetáculo das pulguinhas.
E assim o circo partiu para uma nova cidade. Mas a vida de Dorotheia nunca mais foi a mesma. Hoje, o picadeiro não passa de um aplauso da ilusão.
Dorotheia se entristecera, tinha perdido a alegria de viver.
Agora, ela e as pulguinhas amestradas, sonham em comprar um cão.
Alécio Faria
Comentários
Postar um comentário